quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O outro lado da felicidade que eles tentam te mostrar


         Bastaria ter o básico, não fosse a inspiração infindável que a TV nos apresenta. Quando dizemos TV, não é preciso citar outras mídias, pois na questão de ter o poder de fazer com que nos sintamos seres menores, a TV se basta. E a persuasiva "Felicidade Realista" de Mário Quintana que nos faz migrar para o mundo do ser, e não do ter, nos acalma a alma por instantes, porém é efêmera como a moda. Nos faz viajar no tempo do ser, sem o constante ter. Mas aí o real volt, e a felicidade não chega.
         A excessividade do querer nos cega diante da grandeza e da beleza inefável do existir. Já não nos basta ter ganhado o privilégio de estar entre iguais, e diferentes, já não nos basta ter o livre arbítrio. Queremos a unanimidade, a superação a qualquer custo, a perfeição. Queremos ser os únicos beneficiados.
         Foi-se o tempo quando ter saúde era importante. A quantidade vem superando a qualidade. O tempo em que ter dinheiro já bastava, passou. Hoje não é o suficiente viver com conforto, é preciso soberba. O ter virou sinônimo de felicidade, num mundo onde já não se anda a pé, e uma aglomeração de carros mata mais que guerras. É preciso velocidade para ser feliz. O freio nos tira oportunidades. Mas que oportunidades são essas ? A oportunidade de chegar sempre antes ? De vencer, doa a quem doer ? E nunca ser feliz por apenas ver a felicidade do outro ? Na verdade, o frio simplesmente nos daria a oportunidade de ver outros sorrirem, percebendo que não se é mais importante.
         A sociedade evoluiu, mas de forma fútil. O simples não é mais o simplesmente. Momentos que poderiam ser de felicidade tornam-se apenas momentos para se passar o tempo, no qual não se encontra nenhum sentido. A evolução aconteceu de forma errada, de forma que todos saíram perdendo, aos poucos, valores, atitudes, ideias. Tirando-nos a capacidade de amar e viver. Tirando-nos a capacidade de não ter a felicidade, mas de ser a felicidade.

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